Bolsonaro diz que mandou cancelar protocolo de compra de vacina chinesa; 'presidente sou eu'
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- Categoria: Brasil
- Publicado: Terça, 30 Novembro -0001 00:00
O presidente disse que a vacina chinesa vai custar US$ 10 por pessoa, o que daria um valor muito elevado para vacinar 100 milhões de pessoas. “Nada será despendido agora para comprarmos uma vacina chinesa, que desconheço, mas parece que nenhum país do mundo está interessado nela. Pode ser que tenha algum país aí. Agora, as vacinas têm que ter comprovação científica, diferente da hidroxicloroquina", declarou.
“Houve uma distorção por parte do senhor João Doria no tocante ao que ele falou. Ele tem um protocolo de intenções, já mandei cancelar, se ele assinou. Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade, até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós”, disse.
O presidente também afirmou que o governo está trabalhando para ter uma vacina segura. “Estou conversando com o Pazuello e seus médicos sobre isso. Acho que a população está cansada dos discursos de terrorismo desde o começo da pandemia. Chega. Os números têm apontado que a pandemia está indo embora. Perseguimos a vacina, lá atrás destinamos recursos para participar da pesquisa e o desenvolvimento da vacina de Oxford, para ter uma cota para nós.”
Bolsonaro falou com a imprensa depois de visitar as instalações do Centro Experimental Aramar, em Iperó, onde a Marinha desenvolve o projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro. O presidente participou do lançamento da montagem do protótipo do reator nuclear que vai equipar o futuro submarino.
Depois de ter dito que mandou cancelar o compromisso de compra da vacina, Bolsonaro sinalizou que confia no trabalho de Pazuello. “Estamos perfeitamente afinados com o Ministério da Saúde, trabalhando na busca de uma vacina confiável. As vacinas têm de ter comprovação científica de sua eficácia, diferente do que foi feito nessa aí, tem de ter sua eficácia. Não pode inalar (sic) numa pessoa e o malefício ser maior que o benefício. Fora isso é tudo especulação um jogo político. Lamentável esse governador, parece que só sabe fazer isso.”
As declarações foram feitas um dia após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em reunião com 24 governadores, assinou um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac. "A vacina do Butantã será a vacina do Brasil", disse Pazuello, ao anunciar o acordo. Na reunião de terça, a expectativa era de que a aquisição ocorresse até o fim do ano, após o imunizante obter registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que a vacinação começasse já em janeiro. O ministério informou que investiria R$ 1,9 bilhão na compra. O recurso extra seria liberado por medida provisória.
Ao anunciar o acordo, Pazuello ressaltou que a "vacina do Butantã será a vacina brasileira" ao lembrar que o imunizante, mesmo tendo sido desenvolvido na China, será produzido integralmente na fábrica do Butantã, em São Paulo.
Na manhã desta quarta, porém, respodendo a críticas que recebeu em suas redes sociais, Bolsonaro disse que não ia comprar a vacina. Algumas horas depois, o Ministério da Saúde se manifestou em nota e em coletiva do secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, reforçando que não "há intenção de compra de vacinas chinesas". Segundo a pasta, a fala do ministro Eduardo Pazuello do dia anterior foi mal interpretada.
Bolsonaro na sequência reforçou esse discurso dizendo que o governador João Doria (PSDB) distorceu a fala de Pazuello. O ministro, que não se manifestou nesta quarta durante o turbilhão de informações desencontradas, foi diagnosticado com covid-19.
Cumprindo agenda em Brasília para falar sobre a Coronavac, Doria pediu que Bolsonaro tenha “grandeza para liderar o País para a saúde”. O tucano pediu ainda que ele respeite seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. “Não é razoável que um presidente não respeite seu ministro da saúde”, disse Doria.Na terça-feira, o Ministério da Saúde
Em seu rápido pronunciamento, Franco usou o fato de a Coronavac ainda estar em testes para justificar o recuo da pasta na decisão de compra. "Em momento algum a vacina foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação pela Anvisa, pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)", declarou.
Apesar de ter negado acordo para compra de Coronavac, o secretário-executivo afirmou que houve, sim, a celebração de um protocolo de intenções com o Butantã, que é o maior produtor de vacinas usadas no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Tratou-se de um protocolo de intenção entre o ministério e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante, por se tratar de um grande parceiro do ministério na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações. Mais uma iniciativa para tentar propor uma vacina segura e eficaz para a população, neste caso uma vacina brasileira caso fique disponível antes”, disse Franco.
Não ficou claro, portanto, se o ministério, apesar de negar que comprará a vacina chinesa, poderá adquiri-la do Butantã quando a tecnologia da Sinovac for repassada ao instituto brasileiro e a produção for local. A declaração agora de Bolsonaro aparetemente derruba essa possibilidade.
O argumento de que houve "má interpretação" da fala de Pazuello contraria documento assinado pelo próprio ministro e enviado ao Instituto Butantã na segunda, 19, um dia antes do anúncio oficial da compra.
No ofício, endereçado ao diretor do Butantã, Dimas Covas, o ministro confirma a intenção de compra. "Nesta oportunidade, informo a intenção deste Ministério da Saúde em adquirir 46 milhões de doses da referida vacina (Vacina Butantan - Sinovac/Covid-19), em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, ao preço estimado de US$ 10,30 (dez dólares e trinta centavos) por dose", diz trecho do documento.
No documennto, Pazuello destacou ainda que só "será possível prosseguir com o processo de aquisição após o regular registro da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme prevê o artigo 12 da Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, ou caso sobrevenha alguma alteração legislativa".
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